Está em cartaz no Espaço dos Satyros 1 o espetáculo “Opus 12 Para Vozes Humanas” o somatório de dois textos “não lineares”, mas complementares, escritos por Sérgio Roveri e dirigidos por José Roberto Jardim.
A história fala de incomunicabilidade, alienação e indiferença. No palco, os personagens demonstram que não conseguem mais viver em sociedade. Falam uns com os outros, mas não conseguem ouvir com atenção. Ainda que apareçam em demasia, os diálogos de Opus 12 Para Vozes Humanas perderam sua função básica de comunicar e aproximar as pessoas. As duas histórias trazem personagens fechados em universos particulares, presos em cotidianos indevassáveis nos quais a existência de um interlocutor não é apenas dispensável, ela é praticamente impossível.
Foto: Marcelo Hein
O primeiro texto, intitulado “Um dia”, mostra um casal refém de situações caóticas e delicadas, que são expostas de maneira fragmentada. Nesta sequência de de Opus 12 Para Vozes Humanas os atores viram personagens, viram eles mesmos, viram comentadores de si e viram até rubricas.
No segundo texto, “Uma noite”, dois casais se reúnem em um jantar que de um momento de celebração passa para uma discussão de banalidades como vinhos caros, saladas de batatas orgânicas, viagens e transplante de órgãos. Assim, o quarteto perde-se em um universo de egoísmo que impossibilita a comunicação. O que é perguntado para o outro serve apenas como gancho pra falar de si próprio.
As ideias fragmentadas em Opus 12 Para Vozes Humanas abrem espaço para o diálogo com o público. Ao não contar uma história linear o objetivo é incentivar a imaginação da plateia a preencher lacunas. De acordo com a filosofia contemporânea de que o que nos move são as perguntas, não as respostas.
O figurino do espetáculo foi concebido e executado pelo estilista Caio da Rocha, ganhador do Prêmio Shell pela montagem de “Ham-let” de Zé Celso Martinez. A trilha original é responsabilidade do músico André Moraes, que já assinou trabalhos como “Lisbela e o Prisioneiro” e “Assalto ao Banco Central”.
Opus 12 Para Vozes Humanas é o quinto trabalho de uma parceria que já dura dez anos entre o dramaturgo Sérgio Roveri e o diretor José Roberto Jardim. Um “casamento sem sexo mesmo”, nas palavras do ator José Roberto, que estreou como diretor em “Aberdeen, um Possível Kurt Cobain”, também de Roveri.
Terça e quarta às 21:00
Até 24/09
Ingressos: R$ 20
Espaço dos Satyros 1
Pça. Franklin Roosevelt, 214
Consolação – Centro
Telefone: 3258-6345
